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Larry Bird chega aos 60 anos. Como envelhece o maior ídolo do Celtics?

07 de Janeiro

P: Como se sente com 60 anos?

R: Olha, sabe, passa tão rápido, desde jogar, treinar por três anos e estar na diretoria, você sabe o quão rápido estes campeonatos passam. É surpreendente para mim. Mas tenho saúde, me sinto bem. O problema é, em 10 anos, você terá 70. E isso não é bom. Você escuta as pessoas dizendo que os 70 são os novos 50. Bem, não para o meu corpo.

P: Além de jogar, tem alguma coisa fisicamente, que você não pode fazer mais e que sente muita falta?

R: A única coisa que sinto falta é sair e correr 8 quilômetros, 5 quilômetros. Não posso mais, devido às minhas costas. Eu corro na elíptica, não correr, mas essas coisas. Mas não é levantar cedo e sair para correr na rua. Eu sempre reclamei disso quando eu corria, mas sempre gostava após terminar. Mas não posso mais fazer isso, e sinto falta. Tenho saudade de sair e dar uma corridinha. A coisa que mais me assusta sobre envelhecer, não sei se notou, mas você sai do seu carro e depois pensa, ‘eu parei o carro ali mesmo?’. Não é rápido quanto costumava ser. Coisas assim. Eu achava que meu pensamento estava rápido, mas não é como eu pensava.

P: Ocasionalmente eu me pego perdendo o foco dos meus pensamentos. Eu começo com algo sobre alguma coisa, começo a falar, e de repente, estou conversando sobre outra coisa.

R: Sim, isso ou jogadores. Eu converso com alguém sobre jogadores e esqueço quais são. Tipo, ‘você sabe o cara que joga de armador no Charlotte’. É diferente. Você percebe essa situação e se sente frustrado. Mas sou abençoado. Estou aqui e disponho de um bom tratamento médico. Tenho acesso à médicos. Isso tem sido ótimo para mim. Uma grande vantagem. Tirando isso, não posso reclamar. Tive uma boa jornada.

P: Você ainda corre na esteira dentro da água?

R: Eu costumava. Fiz muito isso. Já ouviu falar da AlterG (esteira antigravidade)? Uso muito mais isso hoje do que a dentro da água. Gosto de ficar fora da água.

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P: Você alguma vez pensou sobre treinador para maratona quando estava em Boston, apenas para ver se conseguiria?

R: Não. O máximo que corri foi uns 12 quilômetros quando eu ainda jogava. E meu joelho começou a doer. Esta foi a primeira vez que tive dores no joelho na minha vida. E nunca fiz de novo. Então, sempre me mantive ali nos 8 quilômetros. Já fiz algumas vezes aqui quando eu era o treinador, mas nunca acima de oito. Eu estava nervoso, sabe? Não acho que eu poderia fazer isso. Acho que eu me arrebentaria. Quando eu vivia em Boston, toda vez que você saía para correr, não estava sozinho. Tinham centenas de pessoas lá. Todo mundo pratica corrida em Boston. Eu pensei, será que eu conseguiria? A razão para eu ter corrido próximo de 12 quilômetros era a minha namorada que tinha que... bem, era minha namorada na época, ela deveria me buscar após uns 6 quilômetros e esqueceu. Então eu continuei correndo. Aí eu fui tão longe que disse caramba, não posso voltar correndo, é muito longe, então continuei correndo. E ela finalmente apareceu. E a razão pela qual eu sei que foi tão longe é que eu marquei no carro.

P: Então, como você compensa para permanecer ativo?

R: Eu uso a AlterG e ando bastante. Meu peso, estou provavelmente de 4 à 6 quilos acima do que eu gostaria. Eu faço, três meses no ano eu faço uma dieta restrita em um mês e perco peso, coisas assim. Mas sobre se movimentar, se não estiver com nada quebrado, tento correr todo dia. Tento correr na AlterG. Assim como hoje, eu desço lá e corro. Estava correndo 5,5 quilômetros, agora estou fazendo 4 quilômetros, mas estou trabalhando para voltar para os cinco. Tem um limite para mim. Tento me manter ativo, me movimentando. Sempre escutei as pessoas dizerem, quando estão envelhecendo, sempre dizem que você precisa se manter em movimento. Eu acredito nisso.

P: Pelo tanto que você corre, já teve dores nas canelas?

R: Não. A única coisa que sempre me incomodou, especialmente em casa, é que minhas costas ficam bem travadas. Eu corro muito. Mesmo no verão, eu acordo de manhã e a primeira coisa que faço é correr 4 quilômetros para dar uma relaxada. Nunca foi algo muito complicado para mim. Mas agora que não consigo, você sente falta, entende?

P: Quando você sonha, você se imagina ainda jogando, ou você sonha o que as pessoas costumam sonhar, estarem atrasados para algum compromisso?

R: Ou tentar entrar no jogo e não encontrar os tênis. Ultimamente agora, quando eu sonho com o basquete, sonho na posição em que estou, dando assistência e tentando dar conselhos para os jogadores, conversar, não é muito sobre estar jogando. Tive sonhos onde atuava em jogos, mas na maioria das vezes eu estava indo para um jogo e não conseguia chegar, ou não encontrava meus tênis. Algo sempre me impedia de jogar.

P: Você disse muitos anos atrás que você realmente gostava de ver Allen Iverson jogar porque ele jogava com muito afinco. Tem alguém assim no jogo atualmente que você gosta de assistir jogar?

R: Obviamente Russell Westbrook. Ele dá tudo que pode todas as vezes. É incrível como o seu corpo se mantém saudável e as coisas que ele consegue fazer. Com o passar dos anos, vi garotos chegarem aqui, eles vão e voltam, alguns que nem chegam a ir para o colegial, talvez um ano no colegial. Você sempre se pergunta como eles irão se desenvolver. Eu assisti, com o passar do tempo, estou com aquele problema de não lembrar no momento, o pivô do Clippers...

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P: Jordan.

R: Isso, Jordan, DeAndre. Quando ele veio aqui para fazer um treino pela primeira vez, eu nem acreditava que o garoto estava pensando em ser profissional. Ele era alto, podia correr e pular. Mas habilidades para o basquete? Ele não tinha nenhuma. E eu fico surpreso, realmente surpreso de como este jovem se desenvolveu sobre seu jogo do ponto que ele estava para atualmente. Eu nunca tinha visto isso. Já vi caras ficarem muito melhores, mas quando ele esteve aqui naquele dia, nós tínhamos Roy Hibbert, tínhamos outros grandalhões por aqui. Eu realmente me senti mal pelo garoto. Achava que tinha maneira alguma dele conseguir vir para a Liga. E não sei quem trabalhou com ele ou o que ele fez, mas assistir ele jogar toda vez da forma como ele atua é incrível. Depois de tudo que eu vi, sempre me lembro desta situação. É sensacional. E isto não aconteceu este ano, foram cinco anos atrás. E assistindo ele, que esteve aqui outra noite e pensei, cara, sinto orgulho deste garoto. Incrível. Eu nunca o conheci tirando aquele dia que ele esteve aqui. Mas ver garotos como este chegando, e eu aqui pensando que eles não tem chance, que não teria como jogarem nesta Liga, e ele conquistar algumas coisas que conquistou, para mim, isso compensa tudo. Mas esta é a lição que tiro disso. Quero dizer, já tiveram outros, mas ele ficou na minha mente. Eu nunca pensei que ele teria uma chance, entende?

P: Você gosta do basquete da forma como é jogado hoje?

R: Eu terei que admitir, eu mudei minha mentalidade com o passar dos anos sobre muitas coisas. Eu não sei se eu estava apenas sendo teimoso, por que eu nunca fui um cara da linha de três. Mas a forma como o jogo mudou, eu penso, é melhor para os fãs. Eu assisti bastante o Portland este ano, e os dois garotos deles (Damian Lillard e C.J. McCollum), quando eles estão no ritmo, são incríveis. A quadra não parece pequena quanto antes. Estão usando tanto a linha de três, que a quadra parece maior.

Se lembra quando eles costumavam conversar sobre aumentar as laterais? Mas não foi feito. Trouxemos caras que poderiam arremessar de três. E você não escuta esta conversa mais. Mas eu gosto, realmente gosto. Eu acho que só vai melhorar. Olhe para os últimos 10 anos, a evolução que tivemos. Como será nos próximos 10 anos? Sou fã disso, com certeza.

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P: Tento imaginar o que times como o de vocês (Celtics) e o Lakers teriam sido ofensivamente se a bola de três fosse uma arma verdadeira na época e como abrir espaços teria sido.

R: Você está certo sobre a criação de espaço. Nós insistíamos no jogo de garrafão. Se você viesse pela quadra e alguém passasse para o jogador que você estivesse marcando e ele estivesse na linha de três, você recuaria. A preocupação era com a infiltração. Mas isso (mais espaços) daria mais campo livre para Kevin (McHale) e Robert (Parish) e Kareem (Abdul-Jabbar) e todos os que jogavam embaixo da cesta. Mas, provavelmente, não teríamos jogado com caras tão altos também. Teríamos jogado com jogadores mais baixos. Nunca se sabe.

P: Deixe me perguntar sobre o seu time este ano. Achava que os caras teriam bastante desvios de passes na defesa, velocidade e jogadas aéreas, enterradas. O que você está percebendo?

R: Eu acho que um dos nossos problemas é que temos muitos caras que gostam do jogo físico. Nós conseguimos alguns desvios, roubadas de bola, mas não conseguimos muitos pontos de contra-ataque. É aí que eu pensava que iríamos conseguir, tipo, 15 (pontos) por jogo, talvez um pouco mais. Não estamos conseguindo isso. Eu sempre quis que marcássemos entre 103 e 105 pontos. O lado mais decepcionante é a defesa. Abrir mão de George Hill e deixar (Ian) Mahinmi partir, dois dos nossos melhores defensores, sabia que iríamos tropeçar um pouco, mas estamos com mais problemas do que prevíamos. E isso nos prejudica. Não estamos sendo consistentes. Mas temos um bom time e se jogarmos bem e unidos, vamos ganhar jogos. Mas sempre vamos ser inconsistentes, pelo fato de não defendermos tão bem quanto esperávamos, e temos muitos caras que gostam de fazer dribles. Isso mata seu esquema ofensivo. Mas são todos bons jogadores e gostam de jogar juntos, e Paul, desde que se recuperou das contusões, tem sido fenomenal para nós. O que me preocupo, também, é que dependemos muito dele. Os caras aparecem um pouco, mas procuram muito por ele. Mas, quando ele está no ritmo, você precisa acioná-lo mesmo.

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P: Ele é muito bom.

R: Olha, o negócio é que, ele pratica defesa toda noite. Ele é melhor defensor que pontuador. Tem uma coisa sobre estes caras, ele é longo, atlético. Se você assistisse ele na faculdade, ele vinha para o ataque e fazia um belo arremesso, aí dava airball (arremesso onde a bola não encosta no aro) num arremesso de três. Perdia muito as bolas. Aí ele ia para a linha do lance livre e convertia 88% dos arremessos. Você sabe que tem potencial ali, para o arremesso. A única coisa que você tinha que se preocupar era, ele vai treinar e trabalhar? E Paul sempre foi um trabalhador. Assim tudo se ajeita, na defesa, se você o assistisse na faculdade, ele tentava roubar as bolas o tempo todo. Ele sempre estava na linha dos passes. Mas ele trabalhou o seu jogo e melhorou em todas as áreas. Defensivamente, ele ficou muito melhor, sabe os artifícios que pode usar. Ele pode jogar de costas para a cesta. Ele não é muito de jogar ali embaixo (da cesta), fica mais na intermediária. Ofensivamente, ele pode fazer cestas de três agora. Sua habilidade com a bola melhorou bastante. Mas ninguém sabia que ele se tornaria o defensor que se tornou. É isso que define ele, por que ele pode jogar nos dois lados da quadra. Ele ainda é um arremessador de fases. Ele pode ter, como no ano passado, por quatro meses aqui, ele estava convertendo 39, 40%. Mas ele joga. Sabe jogar.

P: Obrigado pela entrevista.

R: Se eu pudesse lembrar seu nome, eu diria oi para você da próxima vez que vier aqui (risos).

Fonte: Morning Q-Tip David Aldridge

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