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A NBA deveria recriar o prêmio de Comeback Player of the Year?

11 de Agosto

Dentre os vários prêmios individuais que a NBA entre todos os anos, um deles é sempre objeto de debate por seus critérios dúbios, o “Most Improved Player”, ou jogador que mais evoluiu. Este troféu tem por objetivo premiar os atletas que mais cresceram entre uma temporada e outra, e sempre gera debates pela inexistência de um perfil concreto de candidato padrão.

Muitos colunistas votantes preferem nomear jogadores que crescem além das expectativas, ou seja, aqueles que nos surpreendem em suas trajetórias. Um exemplo concreto é Paskal Siakam, vencedor do ano passado, que saiu de coadjuvante a um dos principais jogadores da liga em apenas um ano. Já outros analistas optam por usar sua indicação para recompensar jovens prospectos de elite que começam a despontar na NBA, como Luka Doncic, que está entre os finalistas desta temporada.

Apesar da dubiedade, o prêmio consegue ser mais frustrante ainda por não premiar o tipo de estória que mais cativa os torcedores: a volta por cima. Originalmente, isso funcionava diferente. O MIP nasceu em 1986, e foi sucessor de um prêmio exatamente assim, o “Comeback Player of the Year”, ou seja, o jogador que deu a maior volta por cima na carreira naquela temporada.

HISTÓRICO

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O Comeback Player of The Year foi criado em 1981, e premiou seis atletas até sua transformação no atual MIP, em 1986. O primeiro vencedor foi Bernardo King, que em 1980-81 foi trocado o Utah Jazz para o Golden State Warriors. Ele havia começado a carreira muito bem no New Jersey Nets, em 1977, mas registrou apenas 9,3 pontos em 19 partidas durante sua única temporada com o Jazz. Com a troca para o Warriors, voltou a marcar mais de 20 pontos por jogo, como nos tempos de Nets, e chegou a ser All-Star em 1982, feito que repetiria outras três vezes na carreira.

Depois de Kings, o prêmio foi vencido por Gus Williams, Paul Westphal, Adrian Dantley, Michael Ray Richardson e Marques Johnson. A verdade é que, na época, o prêmio foi importado da MLB e não fazia muito sentido na NBA. Os critérios eram amplos demais, e ora ganhavam jogadores lesionados, ora atletas cujo time teve evolução coletiva independente da produção individual. Com o sentido desvirtuado, a liga evoluiu para a ideia de premiar os atletas que mais evoluem de uma temporada para outras. Ocorre que, neste conceito, um jogador que já foi bom e tem uma temporada ruim, em tese, não poderia mais ganhar este troféu, porque ele estaria apenas voltando a seu nível anterior.

NARRATIVAS E ESTÓRIAS PREVALECEM

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O prêmio não é novidade nos esportes americanos, e atualmente existe na NFL, na MLB e na MLS. É verdade, entretanto, que nenhum deles tem de maneira concomitante com o MIP, ou outro prêmio similar. Por que a NBA deveria investir nisso, portanto?

É possível argumentar que nenhuma liga trabalha tão bem a questão de narrativas e storytelling como a NBA. A própria liga tem adotado inovações nas últimas temporadas no sentido de “contar uma estória” com sua competição, de maneira a cativar o fã casual. Fazem parte deste plano os diversos posicionamentos públicos que a NBA toma em suas campanhas de comunicação com temas caros ao que está acontecendo no mundo, além de medidas mais práticas como a divisão do calendário da temporada em semanas e destaques das principais estórias e acontecimentos a serem monitorados em cada uma das semanas. O protagonismo cada vez maior de rodadas “temáticas”, como Natal e Martin Luther King Day também fazem parte desta estratégia.

Neste sentido, por que não restabelecer o prêmio que mais premia uma boa narrativa de redenção e volta por cima? É claro que o troféu não teria o mesmo peso do MIP, que continuaria a existir, e muito menos dos outros prêmios mais importantes. Mas seria uma boa medida para reconhecer atletas que se esforçaram para superar as dificuldades, e mostrar para todos que vale a pena dar a volta por cima. Não existe narrativa mais cativante do que essa. Derrick Rose, MVP da NBA em 2011, certamente teria vencido este prêmio em algum momento dos últimos anos. Dado o contexto de sua carreira, será que talvez se tornasse uma conquista mais importante do que o próprio MVP?

CRITÉRIO AINDA SERIA UM PROBLEMA

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Apesar dos benefícios na reinserção do prêmio, a liga precisaria definir critérios mais objetivos, ao menos em linhas gerais. Caso não o faça, o problema dos anos 80 na falta de consistência do prêmio continuaria. Pensando em 2020, por exemplo, quem poderiam ser alguns dos candidatos? Dwight Howard, veterano All-Star que superou problemas pessoais e se tornou um coadjuvante importante no Lakers candidato ao título? Carmelo Anthony, o astro que não tinha mais lugar na NBA e provou que pode ajudar um time de Playoffs? Markelle Fultz, primeira escolha do Draft que finalmente encontrou seu lugar na NBA?

Mesmo assim, é fato que hoje existe uma integração muito maior entre jornalistas e formadores de opinião ao redor da liga, e que a troca de ideias e o bom senso prevaleceriam. Os membros da mídia, mais do que ninguém, sabem reconhecer uma boa narrativa. Ao longo dos anos, a NBA foi flexibilizando cada vez mais estas votações, como por exemplo a maior liberdade nas eleições para All-Star e All-NBA, e nunca foi necessário criar balizas rígidas para os outros prêmios. A liga e seu circuito de mídia estão num ponto de maturidade para a criação de um prêmio mais subjetivo como esse, com o qual todos só teriam a ganhar.





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