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Michael Porter Jr: A próxima grande estrela da NBA?

19 de Abril

Filho de pai negro e mãe branca, ele já foi chamado de “soft” por ter pele mais clara, termo utilizado para descrever jogadores que sofrem com o contato físico do jogo ou porque não demonstram ter força no quesito mentalidade.

Às vezes as pessoas te associam de uma forma diferente. Baseados na raça, tiram uma percepção de você. As pessoas pensam que homens (com descendência negra) de pele mais clara são os garotos bonitões. Tenho que jogar toda noite e mostrar que isto não é verdade. Nós podemos conquistar o que queremos.

No bate-papo que você confere a seguir, Michael fala de questões raciais, a ida para a Universidade de Missouri, um novo hobby e muito mais. Confira!

Você já lidou pessoalmente com o racismo?

Já me disseram a N-Word (“nigga" ou "nigger, palavra preconceituosa) nas redes sociais algumas vezes, nos comentários. Estas pessoas não têm nada melhor para fazer. É uma loucura. Estão apenas procurando atenção. Tento não alimentar este tipo de coisa. É um problema real. Acho que racismo é um problema.

Ouço muitas histórias do meu pai. Ele cresceu em um bairro em Mississipi onde não tinham muitas pessoas brancas. Minha mãe cresceu em Iowa, onde era difícil ver uma pessoa negra. Eles se encontraram e foram para o Mississipi juntos visitar meus avós, e ele não segurava a mão dela em público porque eram um casal miscigenado. Ele me contava histórias assim.

O quão orgulhoso você por ser branco e negro?

Eu gosto. Me considero negro porque meu pai é negro. É muito louco ver meu pai e minha mãe interagindo. Eles são diferentes. A forma com que conversam é diferente. Eu meio que pego um pouco dos dois. Minha mãe não quer que eu fale de uma certa forma. E meu pai... é engraçado. Eu me identifico com os dois.

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Vocês estavam vivendo em Columbia, Missouri, quando a morte de Michael Brown por um policial aconteceu em 9 de agosto de 2014, em Ferguson, Missouri. Você tinha 16 anos na época. Isso teve alguma consequência em você?

St. Louis é uma hora e meia de estrada. Todo mundo falava sobre isso em Missouri. Com certeza o assunto chegou em casa. Nem todos os policiais são maus. Eu não gosto quando as pessoas dizem, “Todos os policiais são maus”. Tem muitos deles que são bons por aí.

Mas penso que a percepção sobre as pessoas negras precisa mudar. Você não pode atirar numa pessoa negra porque ela “parece intimidante”.

O que você pensa sobre o time de futebol (americano) de Missouri boicotar as atividades depois de racismo no campus em 2015? (um grupo de jogadores negros parou de participar das atividades até que o presidente da universidade Tim Wolfe se demitisse. Wolfe, que sofreu críticas sobre como lidava com as questões de racismo, se demitiu em 9 de novembro de 2015).

Eu ouvi sobre isso.... Não sobre tudo, mas sei que algumas coisas racistas estavam acontecendo. Tinham ameaças de mortes às pessoas negras. O time de futebol não treinou mais até que tudo se acertasse. Eu concordo com eles. Isso não pode acontecer em um campus de faculdade. Somos todos seres humanos. Deveríamos ser capazes de interagir e coexistir.

Você espera que na hora que puder usar uma plataforma como celebridade possa lutar contra o racismo?

Penso que sim. Tenho muitos amigos brancos e negros. Como Steph Curry e Drake, ambas as raças se identificam com eles. Se eu puder ser uma destas pessoas, seria muito legal.

Como você está lidando com toda a mídia e atenção da sociedade por ser uma jovem estrela do basquete?

Tento manter os pés no chão, com humildade. Fui abençoado em muitas coisas, então, se eu puder retribuir... Tento cuidar de outras pessoas mais do que cuido de mim. O basquete, para mim, é uma plataforma onde posso alcançar muitas pessoas. Se eu puder fazer uma mudança em como as pessoas vem questões raciais, isso seria fantástico. Seria um sonho se tornando realidade.

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Você acha que a sua geração pode trazer uma mudança neste país na questão das relações raciais?

Acho que podemos. Vai demandar muita coisa. Precisa dos jovens.... Ter a percepção de como se deve ser, acho que a mídia tem muita participação nisso. Mas a mídia também tem a força para mudar como as pessoas agem. Espero que possamos cara, com certeza.

Como é ser membro de uma família rica em basquete com seus pais, que jogaram na universidade, duas irmãs (Bri e Cierra), que jogam em Missouri, você e cinco primos que jogam basquete também?

Sinto que fui feito para o basquete. Minha mãe jogou. Ela tem 1,93. Meu pai jogou basquete, tem 1,93. Eles praticamente estão fazendo jogadores de basquete, somos todos do basquete.

Quão bem sua mãe jogou?

Ela teve média de 45 pontos no colegial, se isto diz alguma coisa. (Lisa Becker) é uma das líderes de pontos da história de Iowa. Ela foi da seleção americana. Jogou no exterior. Isso foi na época que não tinha a WNBA. Ela era muito boa.

Com tudo que estava rolando em Washington, com a demissão do treinador Lorenzo Romar, foi uma situação de estresse para você? (O pai de Porter era assistente na comissão técnica de Washington e agora é assistente de treinador em Missouri).

Sim, foi do nada. Um dia se pensava que não tinha como o treinador Romar ser demitido. No dia seguinte, eu estava lá (em Washington) fazendo arremessos e senti uma tensão no ar. Estava assim ‘o que está acontecendo? ’. Dez minutos depois, aconteceu. Todos os treinadores estavam chorando e me dando abraços. Foi muito triste. Uma loucura.

Como você lidou com isso, individualmente? Parece que no dia seguinte você se comprometeu com a Universidade de Missouri.

Foi uma coisa que mudou minha vida. Uma loucura. Depois do treinador Romar ser demitido, (Columbia, Missouri) é onde minha família sempre viveu. Me sinto à vontade com o programa, e é onde minhas irmãs jogam basquete. Sei que parece que foi rápido, mas todas as noites estávamos conversando sobre isso.

Me encontrei com o (novo) treinador de Missouri, Cuonzo (Martin). Não fiz a escolha sem conhecer o treinador. Ele foi bem legal. Eu confio no meu pai. Decidi que era a melhor coisa para mim.

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O quanto suas irmãs te recrutaram para Missouri?

Muito. Elas queriam realmente deixar a família junta. Somos muito família, estou empolgado.

O que dizer de sua família que tem três membros no programa de bolsa atlética em uma mesma universidade?

Três, talvez quatro jogando em uma mesma universidade. Na verdade, minha irmã mais velha (Bri) rompeu o ligamento cruzado anterior, pela quinta vez no último ano, então, ela vai ficar de fora. Ela era uma das mais explosivas atleticamente na família. No sétimo ano ela já enterrava com bolas de tênis. Ela iria ser especial, mas teve problemas no joelho.

Ela estava jogando na divisão um de basquete depois de romper quatro vezes os ligamentos. E então no quinto, acho que acabou para ela.

Recentemente você começou a fazer aulas de piano. Pode explicar o motivo?

O basquete vai me levar até um certo ponto. E também, se tiver um jogo ruim e basquete for tudo o que tiver, então você vai ficar mal até o próximo jogo. Desta forma, eu sempre tento me lembrar que basquete é um jogo de diversão. E se jogarmos mal, tenho outras coisas que gosto de fazer. Gosto de ser eclético. Amo o basquete do fundo do meu coração, mas tento fazer outras coisas também.

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