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NBA House: designer brasileiro conta detalhes como foi o processo de criação para o evento

Renato Campos
Renato Campos
06 de Março

Se você teve a oportunidade de estar no Rio de Janeiro na última Olímpiada, deve ter passado pelo Boulevard Olímpico. Em uma área completamente revitalizada para o jogos, nem os próprios cariocas acreditavam no que havia sido feito por lá. Antes um local perigoso e de péssimo acesso, se tornou um espaço de convívio e eventos como nunca se viu na cidade.

Durante os jogos, os centenários armazéns do Cais do Porto que compõe o espaço, se transformaram em casas temáticas com objetivos bastante distintos. Por lá você encontrava a Casa Brasil, Casa México e Portugal, Casa Coca-Cola e a tão procurada NBA House.

A Casa da NBA atraiu nada menos que 80 mil pessoas em dez dias de evento e foi eleita por voto popular a melhor casa temática dos jogos olímpicos no Prêmio 'Hospitality Houses Rio-2016', promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Como parte de todo esse sucesso, conversamos com Ricardo Carvalho, designer com foco em branding e identidade visual para esportes, para entender melhor como foi o processo de criação de todo o evento.

Você é Designer com foco em branding e identidade visual para esportes. Como isto tudo começou?

Desde que me formei em Design, sempre trabalhei com branding. Não só por que eu conhecia e me aprofundei no assunto, mas também por que era a área em que vi que poderia contribuir melhor com meu conhecimento. Eu demorei pra fazer a transição de trabalhar apenas com esporte, primeiro porque eu queria ter o máximo de conhecimento sobre gestão de marca. Trabalhei em projetos para vários outros setores como Infraestrutura, Turismo, Aviação, Educação, Saúde e Tecnologia antes de desenvolver projetos para a área do Esporte. De algum modo eu sentia que seria bom ter conhecimento aplicado em outras áreas para depois aplicar meu conhecimento em uma área que eu gosto muito de trabalhar e desenvolver projetos. E tem funcionado muito bem.

Depois que comecei a estudar o setor esportivo no Brasil, vi a necessidade de ter uma visão de design para esse segmento. O esporte e o design para esporte fora daqui tem muita qualidade, mas na América Latina, até mesmo o futebol que tem uma base comercial mais forte, ainda patina na gestão de marca para atletas, clubes e competições. O produto oferecido aqui é outro do que vem de fora, e isso faz com que o nosso produto pareça pior, quando na verdade, não é. Um exemplo disso é a Champions League e a Libertadores, dois modelos de competições parecidos, mas com histórias bem diferentes. O ponto é: Se o nosso produto é tão forte quanto o que vem de fora, a questão é como vamos vendê-lo? Como deixar mais atrativo? Aí a resposta que mais ajuda a diferenciar um produto dos demais: é através do design, do posicionamento das marcas, do propósito que o produto tem em relação aos fãs de esporte. Tudo isso é o resultado de um projeto e de uma gestão com foco no negócio através do ponto de vista de marca.

Como foi o primeiro contato com a NBA que deu início aos trabalhos para a 'NBA House' durante a Olimpíada no Rio?

A NBA Brasil queria uma ativação no período dos Jogos Olímpicos e trazer a NBA House - que já existiu em outros países - para o Rio naquele período foi certeiro. A Liga de Basquete Americana escolheu a Octagon e, juntos, conduzimos essa ativação: desde a concepção até a execução. Traçamos um plano de mesclar o que já havia funcionado na NBA House atrelando ideias que ativassem os parceiros da Liga para criar um espaço ainda mais atrativo, além de ressaltar aspectos relevantes para os brasileiros. Como por exemplo, o SportsBar da Budweiser dentro da casa, que funcionou como um espaço temático personalizado. O resultado não poderia ter sido melhor, a NBA House foi a casa mais visitada durante o período dos Jogos não só por ter a atratividade que merecia um evento com a chancela NBA, como também dava opção para os visitantes curtirem e conhecerem mais o mundo da maior liga de basquete do mundo em um formato próximo e interativo.

Foi um processo longo até tudo ficar pronto?

Sim, o planejamento de todo o processo começou muito antes do período de preparação dos Jogos. Escolhas do local e atrações foram muito pensadas para garantir que a Casa ficasse com a cara da NBA. Do ponto de vista técnico, eu participei do projeto dentro da equipe de criação e planejamento da Octagon, e ficamos responsáveis pelo desenvolvimento de uma House com a cara do Rio. Utilizamos a mesma marca da NBA House e ao lado do time de marketing da NBA no Brasil, criamos uma nova linguagem, com abordagem mais brasileira para a Casa. O uso das cores deram o tom do ambiente, alinhado com as imagens que exemplificavam cada uma das atrações. Nossa equipe de criação na Octagon contou com mais de cinco profissionais envolvidos desde o começo do projeto exclusivos para a NBA House.

Em um projeto como esse, o espaço utilizado para o evento conta bastante, então depois da visita técnica que fizemos no Armazém da Utopia, partimos para a apropriação das características do galpão e como traríamos esse ambiente conectado com a identidade da NBA House. As texturas de metal e fumaça que compõem a linguagem gráfica da NBA House tem muito a ver com o basquete de rua, um estilo mais livre do basquete que contrasta bastante com a identidade da NBA. Construímos a história do basquete americano: o de rua, incorporando as atrações dos times de enterradas do Brooklyn Nets e Sacramento Kings, e também o estilo clássico da NBA e de seus grandes times, as quadras impecáveis, as dançarinas e os jogadores como astros. No fim conseguimos colocar dentro do mesmo espaço essas duas faces do basquete.

O mais legal de destacar nesse projeto foi pensar na ativação como um todo: os pontos de mídia para divulgação do evento, a escolha do local, as atrações. Tudo isso fez com que o pensamento criativo ficasse mais fácil de ser desenvolvido. No final tudo contribuiu ainda mais para uma experiência melhor do visitante.

Além da NBA, quais projetos você citaria como cases dentro do esporte?

Eu me engajei em testar esses projetos na área de esporte pra aplicar o conhecimento que tinha sobre branding para esporte. Foram anos de pesquisa para tentar aplicar um modelo de projeto de branding que fosse implantando dentro dessa área. Os cases teóricos como o da Libertadores e Internacional mostram como dá pra ser disruptivo em termos de design sem perder a identidade. No caso da Libertadores, foi pensado no ponto de vista do posicionamento: Como eu vendo esse produto fazendo ele ser tão legal como um dos líderes do segmento, que é a Champions League? Como eu conto uma história de que a Libertadores, mesmo com todas as adversidades, pode pegar essa imagem mais pejorativa, como ausência dos estádios e craques europeus e transformar em algo bom? São esses questionamentos que ajudam a moldar uma nova abordagem de marca quando pensamos em um produto para o esporte. Foi criado um conceito para a Libertadores que não competisse com os outros campeonatos, valorizando a torcida ao invés do espetáculo no campo. Foi valorizado o aspecto da torcida que respira o futebol desde o momento em que um jogo é marcado, até ele acabar. Essa foi a base de criação da proposta da nova marca.

Já no caso do Inter, foi diferente: o design guiou o processo de pesquisa através da diferenciação. Foi feito um painel de quantos clubes utilizavam escudos redondos e também na cor vermelha no mundo. O visual mais moderno partiu dessa busca por diferenciar o produto e excluir o que dava a ele uma cara de comum. O lettering como marca foi eleito a melhor opção depois de ver que apenas com a forma era possível criar uma marca única no mundo para o Internacional, de modo que apenas ele aplicado nas peças gráficas já criava uma identidade forte.

Qual dica você deixaria para futuros profissionais de design?

Entender de design é essencial, mas não tudo. Eu gosto muito da parte teórica e prática do design, a história do design, escolas, aprender novas coisas sobre a profissão e a área de atuação. Mas existe um outro lado que eu acho importante também que é compreender como o design pode ajudar a fortalecer um modelo de negócio, o design aplicado à uma função, solucionando problemas. A importância do design sobretudo em projetos de marketing e comunicação hoje é muito grande, e aqui no Brasil temos a base para poder fazer daqui um dos melhores espaços criativos do mundo. Além disso, gosto muito de pensar em como valorizar nossa cultura, dentro e fora do esporte. É um sentimento de orgulho ver que outros profissionais levaram a cultura brasileira e latina para o mundo. Saber mesclar o que temos de melhor em termos culturais com a tecnologia que temos a nossa disposição, contribui muito para enriquecer esse cenário e nos diferenciar como profissionais.

Para conhecer mais sobre o trabalho do Ricardo Carvalho como designer, basta acessar seu portfólio: www.rccarvalho.com

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